quarta-feira, 15 de julho de 2009

A Corrida #3 (parte 6)

.
.
Jesse calculou que seu último disparo devia ter acertado a perna do atirador misterioso, já que este percorreu mancando os últimos metros que o separavam de um local abrigado atrás da montanha.

Nem Jesse nem o padre haviam parado de cavalgar, no entanto, o incidente os havia feito perder velocidade e tempo, o que deu oportunidade a Mr. Banger de se aproximar bastante.

O xerife ouvira os tiros e logo pensou: “ora, esses idiotas estão se matando para poder chegar primeiro. Que deslealdade. Como xerife, vou ter que tomar uma atitude”. E essa foi a desculpa que Mr. Banger deu a si mesmo para poder sacar a espingarda da lateral de seu cavalo e disparar vários tiros em direção aos outros corredores, já não tão distantes.

Uma saraivada passou zunindo pelo padre, bem próximo à orelha de Viola que, com o susto, disparou e derrubou Walles, que rodopiou e ficou pendurado à cela pelo habito. Para evitar os tiros, Jesse saiu da estrada com Jorge e subiu em uma pedra à beira do rio. Jorge subia com uma agilidade impressionante, atingindo facilmente a parte mais alta do pequeno rochedo, que formava um paredão diante do rio.


-Para de atirar, seu filho da...! – nesse momento, viola entrou no rio, interrompendo o xingamento do padre, que, ainda pendurado pela batina, ficou com a cabeça para dentro da água.


O rio estava raso nessa época do ano, assim, um cavalo não precisaria nadar para atravessá-lo. No entanto, como possuía uma largura considerável de uma margem a outra, o padre corria sério risco de se afogar antes de Viola chegar à outra margem.

Vendo isso, de cima da pedra e fora do campo de visão de Mr. Banger, Jesse pulou com Jorge no rio, a fim de salvar o padre.

Como dito antes, um cavalo não precisaria nadar para atravessar o rio, no entanto, Jorge não era um cavalo, tampouco era um bom nadador. Por sorte, como Jorge pulara bem perto de onde estava Viola, e como o corpo do padre estava funcionando como uma ancora, freando a égua, Jesse conseguiu alcançar o arreio, desprendendo Walles.

O padre e a cela de Viola caíram na água como uma pedra, enquanto Mr. Banger passava veloz por eles. Jesse desmontou e tratou de ir ajudar o padre que, por sua vez, já se levantou gritando e apontando para Mr. Banger:

- Vai atrás dele! Não deixa esse filho do capeta ganhar!

- Mas, padre, você ta bem?

- Tô, meu filho. Tô melhor que você. Vai logo! – apesar da petulância, o padre ainda estava um pouco cambaleante. Mas, para Jesse, era visível que iria ficar bem.

Jesse montou em Jorge, que saiu nadando, tentando vencer os últimos metros de água que faltavam para chegar à outra margem do rio. Jorge nunca fora um bom nadador.

Mr. Banger estava longe, já sentindo o gosto da vitória, quando olhou para trás e viu a nuvem de poeira acompanhada de barulhos frenéticos de cascos ao longe. Era Jorge que acabava de sair do rio e começava a correr.

Mr. Banger virou para frente e avistou os contornos da cidade ao longe. Era lá que a linha de chegada estava lhe esperando. Calculou a distancia que faltava e concluiu que não havia como Jesse o alcançar.
.
.
.